quinta-feira, 31 de março de 2011

"Existe um ser que


mora dentro de mim como se fosse casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso

que apesar de inteiramente selvagem — pois nunca morou antes em ninguém nem jamais

lhe puseram rédeas nem sela — apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo

uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho

é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem

casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não

tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem

nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez

chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é

livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a

gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de

cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez".
 
(Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres)
Clarice Lispector
 
Precisava compartilhar isso com voces ...
beijoss
 
Rosangela Lessa
 

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